A importância da refeição em família

Antes de tudo, quem você convidaria para o jantar de hoje?

Esses dias estava refletindo em como estamos desperdiçando nosso tempo com coisas que realmente não valem a pena, ou então, gastando o tempo com coisas que julgamos importantes, mas que no fim não sabemos.

Fico triste em saber que hoje as famílias não se sentam à mesa para fazer uma refeição juntas. Você pode me dizer: “nossa, mas eu não tenho tempo.”, “trabalho o dia inteiro e não tenho tempo de cozinhar”, “faço minhas refeições no trabalho e a noite comemos qualquer coisa”.

Escuto essas frases quase todos os dias e fico pensando, será que gastar um tempo preparando a nossa refeição realmente é tão sem importância assim?

Entendo como é difícil, mas não é impossível. Precisamos dividir responsabilidades entre todos da casa, inclusive com os filhos, a organização do tempo disponível vai ser fundamental nesse processo, realmente se após o trabalho formos tentar preparar algo, provavelmente vamos comer o que tiver mais fácil, sem atenção e muitas vezes cada um em um espaço da casa, um vendo TV, outro mexendo no computador, outro no celular.

A alimentação em família é um momento muito importante, é aquele momento em que podemos contar sobre os acontecimentos do dia (muitas vezes todos os integrantes da casa só se vêem no final do dia), é o momento onde as crianças vão conhecer novos alimentos e observar os pais, é o momento de ter atenção plena ao alimento, momento de descobrir novos sabores e sentidos, é o momento para estarmos longe de distrações (TV, celular, computador, tablet, etc.)

Já é certo que crianças que tem a oportunidade de comer com a família, em um momento de prazer, são crianças com melhor relacionamento, inclusive com os próprios pais.

Que tal relembrar um pouquinho da sua infância, lembrar dos domingos com a família reunida, como você se sentia? Você não quer proporcionar esses momentos para seu filho?

 

E então, quem você convidaria para jantar?

Vamos falar sobre restrição alimentar?

Quando recebi a oportunidade de falar um pouquinho sobre alimentação aqui no blog, logo me animei. Falar sobre alimentação e nutrição é realmente um assunto que me motiva e me traz felicidade.

Escolhi nutrição pelo simples fato de ter sido “gordinha” durante minha infância e início da adolescência e quando decidi emagrecer, me peguei lendo milhares de informações em revistas e meu sonho era descobrir o que cada alimento fazia dentro do organismo, quantas calorias ele tinha e qual combinação seria melhor em cada refeição. Obviamente acabei descobrindo tudo isso, porém percebi que “tudo” isso não era o suficiente, algo estava faltando. O que me deixava mais intrigada era ficar calculando um cardápio e ter que adequar todos os nutrientes corretamente (isso dava um trabalho imenso) e pensar:

“mas essa pessoa vai comer os mesmo alimentos todos os dias? E se ela mudar o arroz integral pela batata, já vai mudar a quantidade de proteína e de vitamina. E agora? Quem poderá nos defender?”

Essa inquietação me acompanhou por muito tempo, e hoje, não vou dizer que tenho uma resposta, mas vejo que essa prescrição toda certinha não faz mas tanto sentido, claro que temos casos mais específicos de determinadas doenças onde é necessário todos os cálculos, porém, será que para o paciente saudável e que deseja emagrecer isso funciona?

Tá, você falou, falou, mas e a restrição alimentar? O que tem a ver com isso?

Estou realmente assustada com o rumo que a nutrição vem tomando nos últimos anos, muitas restrições, alimentos classificados como bons e ruins, muitas dietas prontas nos meios de comunicação e muita pressão da sociedade para que todos sejam lindos, magros (mas não pode ser magro demais, também), sarados, inteligentes, ricos, bem sucedidos, e muito mais coisas que eu poderia ficar aqui falando por horas e horas. O que quero dizer, é que hoje somos cobrados para sermos perfeitos!

De novo, e a restrição alimentar?  Sim, tudo isso faz com que busquemos milagres, informações errôneas na mídia, entre outras loucuras. Quem nunca ficou vários dias sem comer aquele alimento que adora, pensando que essa restrição irá fazê-lo emagrecer.  Essa restrição faz o efeito oposto, quando nos esforçamos para não pensar em algo, pode ter certeza que pensaremos ainda mais. Quer fazer um teste? Feche os olhos e não pense em um elefante rosa… pois é, o elefante rosa vai ficar um bom tempo na sua mente. Acontece o mesmo com aquele chocolate que amamos, mas que repetimos diversas vezes que chocolate faz mal, que chocolate engorda, não posso comer chocolate hoje, só posso comer chocolate no final de semana.

Mas e se não restringir esses alimentos como vou emagrecer? O segredo do emagrecimento está no equilíbrio, em resgatar comedores competentes, aprender o que comer e quanto comer, melhorar o paladar aumentando a variedade de alimentos consumidos, comer em quantidade adequada e comer de acordo com a situação e contexto. Tudo isso é possível, é preciso escutar mais o corpo e menos as regras, é comer com calma, junto da família, é experimentar combinações, ver o que te deixa mais saciado, é comer sem culpa, acabar com o estigma de alimentos bons e maus. Parece simples, mas nem sempre é tão simples assim, por isso nós nutricionistas estamos aqui, para te ajudar a melhorar seu relacionamento com a comida, a comer com prazer, a melhorar sua autoestima. Procure sempre orientação de um profissional caso precise, lembre-se que nós também amamos comida!!!

Por fim, deixo esse vídeo para pensarmos.

O que aconteceu com a última criança para ela ter tido essa reação?